Depois de um momento bem agradável
onde se discutia o tema “a salvação”, me lembrei de um dos melhores filmes que
assisti até hoje chamado “Matrix”. Esse filme me trouxe uma realidade que
poderia ser usada facilmente como uma analogia ao tema, no sentido de explicar
um pouco melhor o que significa a salvação obtida por Jesus Cristo. Algumas
horas depois, meditando ainda sobre isso tudo, veio outra idéia, a idéia da
segunda matrix, isso mesmo, a matrix dentro da matrix.
Como esse artigo se baseia na trilogia
Matrix, segue o link (resumo Matrix) com o resumo do filme para facilitar a
compreensão. Se você já conhece todo o enredo, passe direto e vamos seguir com
o raciocínio.
Quando conhecemos a verdade, ela nos
liberta e percebemos que o mundo em que vivíamos era uma matrix, cheia de
idéias, baseada em uma filosófia pós-moderna. Entendemos que literalmente
éramos como cadáveres e que as diversas tentativas de busca pela felicidade são
como borrifar perfumes nesse cadáver, que as boas ações praticadas não são
garantias para se obter nenhum passaporte para o que está além da compreensão
da matrix.
Neo foi confrontado com a verdade, e
desde então ele percebeu que o mundo em que vivia (matrix) não passava de
ilusão. Só que neste momento ele se depara com uma nova realidade, o mundo é
mal, as pessoas são manipuladas, as coisas são feias e o pseudo conforto era
falso. Ao ingressar nessa realidade ele percebe que ainda faz parte desse
mundo, mas que ele não está mais sob o domínio do ser que o controla. Ele agora
tem a escolha de viver de forma diferente nesse novo mundo. Ele está liberto da
matrix e a verdade provoca nele um desejo muito forte de livrar as demais
pessoas aprisionadas na matrix, de contar a verdade, pois assim como ele foi liberto,
outros também terão a oportunidade de entender e fazer sua escolha.
A missão da igreja é falar sobre essa
verdade, mas essa missão se resume em compartilhar o que se obteve através da
verdade, porém a consciência de que a matrix existe vem através de um poder
superior a tudo, vem através do Espírito Santo. Você sentiu esse poder, você
escolheu a pílula certa, exercitou o livre arbítrio que Deus te concedeu.
Observe um diálogo entre Morfeu e Neo e veja o que é a
"verdade":
Neo: O que é Matrix?
Morfeu: Você quer saber o que é Matrix?
Matrix está em toda parte [...] é o mundo que acredita ser real para que não
perceba a verdade.
Neo: Que verdade?
Morfeu: Que você é um escravo, Neo. Como
todo mundo, você nasceu em cativeiro. Nasceu em uma prisão que não pode ver,
cheirar ou tocar. Uma prisão para a sua mente.
Mas e agora? Neste momento entra uma
nova missão da igreja, onde o líder espiritual tem papel fundamental, baseado
na unção que ele recebeu, utilizando-se das suas experiências, ensina sobre o
que é estar fora da matrix. Isso não é uma ação isolada, precisa acontecer colocando
essa pessoa também em contato com outros que também foram libertos. Porém isso
não é nada fácil, e no meio do caminho podem surgir questionamentos
Mais um trecho do filme:
"Você já teve um sonho,
Neo, em que você estava tão certo de que era real? E se você fosse incapaz de acordar
desse sonho? Como saberia a diferença entre o mundo do sonho e o real?"
(Morfeu questionando Neo, Filme Matrix).
A
sensação causada por se estar fora da matrix pode provocar questionamentos sobre
essa nova realidade. Falhas no processo podem gerar dúvidas internas: “Se
vivemos em um mundo que nada mais é do que uma Matrix ilusória, então faço minhas as
palavras do poeta João Cabral de Melo Neto, em O Artista Inconfessável: "Fazer
o que seja é inútil. Não fazer nada é inútil. Mas entre fazer e não fazer mais
vale o inútil do fazer"!”
Fomos
libertos, e estamos com sede de mais e mais. Nossa fonte é Jesus, mas sabe como
é a costumeira preguiça e fraqueza do ser humano né? É preferível aprender com
os outros a buscar suas respostas na fonte, ou para alguns em especial, a busca
pela verdade acontece de acordo com sua comodidade/estado. Ignora-se o que
pode ser difícil de fazer e procuram-se atalhos. E iniciamos um processo de
troca da simplicidade do evangelho, por uma nova matrix, onde novas regras,
visões, conceitos são criados.
Quando
entramos na segunda matrix, é fácil perceber que inventamos regras sobre a
salvação, sobre o chamado. Vivemos em função do que construímos (e acreditamos veementemente
que estamos certos). Nessa altura você pode me perguntar: “Mas não e pra ser
assim mesmo?”. Na essência sim, mas uma coisa importante que recebemos quando
saímos da primeira matrix é algo chamado de “mente de Cristo”. Essa mente
associada à nossa inteligência traz cautela sobre cada ensinamento que obtemos.
O problema é que como não buscamos, apenas decidimos receber dos outros, somos
invadidos por idéias erradas sobre a simplicidade do evangelho. Começamos a
tratar nosso amigo Jesus, como fonte dos desejos. Nos esquecemos de que Ele
embora seja nosso amigo é filho de Deus, e que assim como ele (Jesus) somos
filhos, mas também somos servos, mas insistimos em exigir bênçãos, ordenamos
restituição, lutamos por causas que alegamos ser em prol do Reino, mas que são
apenas vontades construídas com base em nossa falsa idéia de conforto.
Limitamos Deus a nossos conceitos, mudamos o Seu tempo colocando nosso tempo,
na verdade trocamos de papel com Deus, Ele se torna o servo e nós o senhor. Em
tudo se vê o poder maligno do ser controlador da matrix, tudo é culpa dele,
somos atacados por ele constantemente e devemos conclamar a todos para lutar
contra a matrix. Damos ordens aos anjos, classificamos pessoas como demônios,
isolamos os diferentes, nos sentimos mal quando somos afrontados e qualquer
ação contra um dos locais dessa matrix é considerado como uma profanação, como
um ato de guerra, ao ponto de dizermos que quem anda com meus inimigos não é
meu amigo (como se tivéssemos mais de um inimigo além do capiroto). As regras
de conduta são os diferenciais, ou se segue ou está fora da visão. A segunda
matrix é mais implacável do que a primeira, pois você não se sente mais preso.
Para se
libertar da segunda matrix é preciso estar disposto a usar sua mente, exercitar
sua inteligência, fazer àquilo que o apóstolo Paulo ensinou a igreja de Beréia,
que foi consultar as escrituras. É preciso meditar, falar com Deus, estar
disponível a mudar, a questionar e ser questionado. Não existe texto sem
contexto, e para entender o todo é preciso passar por todos os pontos. O foco
principal não é o que sei, pois na verdade nada sei. O foco principal é o
próximo. É buscar a santidade assumindo a condição de imperfeito, é desejar e
buscar ser imitador de Deus, mas sem se comparar a Ele, pois só Ele é perfeito.
É ter a certeza de que no natural, você é responsável por suas ações, e
compreender (mesmo que a duras penas) de que o que acontece contigo é reflexo
do que você planta, de que antes de colocar a culpa nos outros ou no "ser" controlador da matrix em relação as mais diversas situações, você pode ter
falhado em algum momento, e que para resolver os problemas você precisa pensar
na solução, é preciso concertar certas cosias que foram deixadas para trás.
Tudo isso tendo a mais absoluta certeza de que se tem um amigo, um "Ser" que te
ama com amor incondicional, que está sempre ao seu lado pronto para te ajudar,
mas que não irá fazer coisas as quais você tem que fazer. É entender que esse "Ser" vai agir no sobrenatural e que você somente será verdadeiramente forte
quando assumir sua condição de fraco.
Quando
Jesus ressuscitou Lázaro, antes pediu algo. Ele pediu para que a pedra fosse
removida. Ele poderia facilmente mover a pedra, mas Ele nos ensina que temos
que fazer a nossa parte, e se você em algum momento se viu dentro da segunda
matrix, faça a sua parte, pense, questione, critique, julgue, analise tudo e
retenha o que é bom, mas não fique inerte.
Ai mano ótimo texto e excelente comparação! Se pensarmos essa é a grande verdade... Mandou surper bem... Deus continue te abençoando.
ResponderExcluirMuito bom, meu brother!
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